Uma geração inteira em perigo

Ana Lucia Bedicks
29/10/2018
Pais e Filhos

Quando penso na crise moral e ética que assola nosso país, penso quase que instantaneamente nas crianças e adolescentes que estão em formação nestes tempos difíceis. Sabemos que a diversidade do nosso país faz com que grupos destas faixas etárias vivam em realidades diferentes, mas nem por isso menos perigosas. Estamos no meio de uma verdadeira batalha e estas faixas etárias estão constantemente em situação de risco.

Não é difícil pensar em crianças e adolescentes em situação de risco, principalmente quando olhamos os dados estatísticos alarmantes ou simplesmente andamos por uma de nossas grandes cidades brasileiras. Milhões de crianças e adolescentes brasileiros estão diariamente nas ruas pedindo dinheiro,trabalhando, se drogando, se prostituindo e roubando, sem tempo ou chance para serem crianças e adolescentes. E nós cristãos do Brasil nos encontramos quase que anestesiados por essa realidade. Isso passa a ser parte do nosso dia a dia e não ficamos mais horrorizados ou indignados com essa situação como deveríamos.

Será que nos esquecemos das palavras de Jesus em Mt 25:45 “O que vocês deixaram de fazer a alguns destes mais pequeninos, também a mim deixaram de fazê-lo.”? Muitas vezes tentamos nos justificar dizendo que o governo é corrupto e não faz a sua parte ou que o problema social no Brasil tem proporções gigantescas e que começou na nossa colonização. Mas Jesus não nos pede para combater a corrupção ou resolver os problemas do país. Ele só nos pede para dar de comer a quem tem fome, dar de beber a quem tem sede, vestir o que não tem roupas, cuidar dos doentes e visitar os que estão presos. E o quanto nós, como igreja temos feito?

Entretanto quero também chamar a atenção para um outro grupo de crianças e adolescentes em situação de risco. Um grupo que não está nos faróis ou abrigos das nossas cidades. São crianças e adolescentes que têm casa, têm escola, têm comida, têm roupas, assistência médica, mas têm outras necessidades não supridas. Na verdade eles estão em situação de risco porque têm maior liberdade, livre acesso ao mundo e poder de decisão, mas carecem de experiência, sabedoria e relacionamentos familiares para viver num mundo assim.

As crianças e adolescentes são muitos influenciáveis e só a igreja brasileira ainda não descobriu isso. Todos os outros segmentos da nossa sociedade, da indústria do entretenimento até o submundo dos traficantes de drogas, já descobriram essa vulnerabilidade destas faixas etárias. Aliás, esses segmentos disputam ferozmente a atenção de nossas crianças e adolescentes enquanto a igreja displicentemente os coloca nos porões, em segundo plano ou até mesmo no final da lista de necessidades. Se você já parou para ver o conteúdo ao que eles têm acesso nas programações de TV, nos filmes, músicas, games,Internet, nas escolas, nas áreas de lazer dos condomínios, nas festinhas,enfim, no dia-a-dia deles, você deve ter se dado conta do perigo que eles correm.

Alguns podem dizer que crianças e adolescentes são responsabilidade dos pais e não da igreja e em parte estão corretos. A Bíblia é muito clara quanto à responsabilidade dos pais, mas ela também fala da influência, ensinamentos e exemplos dos mais velhos sobre os mais novos. E o que dizer então da importância que o próprio Jesus dava às crianças? Nossas crianças e adolescentes são bombardeados por todo tipo de informação errada sobre família,amor, sexo, caráter e valores. Os meios de comunicação usam de todo tipo de estratégia para alcançá-los, não medindo esforços para conquistá-los e nós,como igreja, insistimos em enxergá-los como um problema inevitável e que se resolverá com o tempo. Pois o tempo é agora, o momento é este e o depois pode não existir.

Certamente não é fácil sermos pais cristãos num mundo assim, mas não podemos abrir mão de nossos filhos. Ser um pai ou uma mãe cristãos é ter que remar contra a maré e para isso podemos seguir alguns passos:

§ Passar valores bíblicos para nossos filhos em todas as oportunidades que tivermos.

§ Ajudar nossos filhos a terem responsabilidade e fazerem as escolhas certas.

§ Ser um exemplo de honestidade e integridade para eles no nosso dia a dia.

§ Acompanhar atentamente a vida deles, de forma que eles se tornem nossos discípulos.

Olhar e cuidar destas duas realidades são dois desafios diferentes para a igreja cristã, mas nem por isso mais ou menos importantes. Afinal é uma geração inteira que está ameaçada, independentemente da camada social a que pertença.

Como mãe, líder de pré-adolescentes e participante do movimento Desperta Débora no Brasil quero convocá-los a orar para que Deus nos dê essa consciência da situação de extremo risco das crianças e adolescentes do Brasil. Oremos para que Deus levante pessoas com paixão por crianças e adolescentes carentes de abrigo, de alimento, de amor, de relacionamentos, de valores, de educação, de carinho, de modelos cristãos e da Palavra de Deus.