Presbíteros, pastores do rebanho (I)

Luiz Fernando dos Santos
19/11/2019
Devocional

“Portanto, apelo para os presbíteros que há entre vocês, e o faço na qualidade de presbítero como eles e testemunha dos sofrimentos de Cristo, como alguém que participará da glória a ser revelada: Pastoreiem o rebanho de Deus que está aos seus cuidados. Olhem por ele, não por obrigação, mas de livre vontade, como Deus quer. Não façam isso por ganância, mas com o desejo de servir. Não ajam como dominadores dos que lhes foram confiados, mas como exemplos para o rebanho. Quando se manifestar o Supremo Pastor, vocês receberão a imperecível coroa da glória” (1Pe 5.1-4).

É inegável que o Novo Testamento indique claramente o ofício dos presbíteros como inerente à natureza da igreja cristã. A comunidade de fé deve ser pastoreada por uma pluralidade de presbíteros, homens escolhidos por Deus com uma especial vocação para o cuidado das ovelhas e eleitos pelos seus demais irmãos, isto é, a igreja reunida em assembleia, para que pela vontade desta e pela autoridade recebida de Deus na imposição das mãos, cuidem dos interesses dos crentes nas coisas que dizem respeito ao seu bem estar espiritual e a sua relação com o Senhor.

O presbítero (do grego, ancião), não é necessariamente um homem entrado em anos, mas um homem experimentado na fé, habilitado para o serviço e que dê provas de amar os irmãos. Os presbíteros são chamados por Deus antes de qualquer outra coisa para servirem de modelos para o rebanho. São levantados como o padrão referencial de como um crente deve viver a vida do modo a agradar a Deus. Como pastor o presbítero deve ser o melhor modelo de ovelha. Duas são as áreas em que um presbítero deve se esforçar para transmitir a ideia de qual seja a vontade de Deus para a vida de seus filhos. A primeira delas é a economia doméstica, a vida no lar, a dinâmica do casamento cristão. Nada compromete mais o exercício do ofício presbiteral do que um lar desajustado, desequilibrado financeiramente e com relações parentais doentias.

Claro, não existe debaixo do sol um lar perfeito ou um casamento sem trepidações. É natural às coisas desse mundo caído e influenciado pelo pecado que certas defecções sejam encontradas até mesmo entre os mais santos dos homens. Todavia, é dever do presbítero lutar com todas as armas da luz para tornar a sua casa um santuário, uma igreja doméstica, um celeiro de santos. Ele deve ser um homem probo na administração da sua família, um bom mordomo das bênçãos de Deus procurando dar todo o conforto e estabilidade aos seus, dentro de suas posses e realidades, sempre com coração agradecido e jamais sendo perdulário. Deve ser um homem que valorize a sua esposa, seja compreensível e sensível às suas necessidades (como parte mais frágil, 1Pe 3.7) e eduque os seus filhos para conhecerem e amarem o Senhor Jesus Cristo.

O pastorado de um presbítero começa em casa e a sua família é o maior teste para a genuinidade de sua vocação. Deve ser alguém que demonstre preocupação com o progresso espiritual de sua família e que esteja a todo o tempo incomodado, profundamente incomodado com o fato de haver entre os do seu sangue e de sua afinidade quem ainda não conheça a Cristo. A segunda área é a da piedade. O seu progresso espiritual deve ser evidente a todos (1Tm 4.15), portanto deve ser um homem que cultive o quarto secreto de oração, que leia com proveito, medite com profundidade e estude com diligência a Palavra de Deus.

Deve ser um homem vivamente interessado por Teologia, por conhecimento doutrinário e que ame a verdade. O presbítero necessário a Igreja é aquele que ama a santidade do Senhor, a sua santidade pessoal e a santidade de seus irmãos, sem moralismos. O presbítero deve mostrar publicamente que luta contra os seus pecados e que não dá trégua aos seus vícios e inclinações combatendo-os pelo cultivo das virtudes, abnegações e jejuns.

Ele o faz assim, exatamente porque entre as suas atribuições está o combater o pecado na igreja e na vida de seus irmãos. O Presbiterato é coisa séria e merece o maior cuidado e a mais acurada consideração dos irmãos.