Por que aprender nossa gramática?

Vania Sena
26/11/2018
Línguas Originais

Não é difícil, em nossos dias, encontrarmo-nos diante de situações embaraçosas, oriundas de uma falha comunicativa. Poderíamos investir muitas horas analisando os diferentes contextos nos quais uma escrita ou fala ambíguas criaram confusões desnecessárias.

Neste texto, que se inicia como uma breve argumentação e termina como um breve convite, quero falar com você a respeito da importância de nós, cristãos, conhecermos e dominarmos a gramática do nosso idioma.

Acredito que seja consenso para nós a relevância de observarmos cuidadosamente a Palavra de Deus e termos por ela muito zelo. Partindo desse pressuposto, trato como certo o fato de você, querido leitor, já saber que a transformação proposta pelo evangelho não vem do muito estudar a gramática bíblica.

Quero reforçar, também, que este texto trata de nosso contexto particular, formado majoritariamente por cristãos estudantes que possuem possibilidade física, cultural e intelectual de mergulhar mais profundamente nesse “código” específico.

Assim, considero que a primeira grande razão para estudarmos a gramática de nossa língua esteja no fato de a Bíblia Sagrada ter seu conteúdo organizado por meio de palavras. Entender a forma e a organização dessas palavras é fundamental para a compreensão plena do seu significado. Se queremos ler autonomamente e interpretar o que ouvimos acerca das Escrituras, precisamos conhecer seu conteúdo e código.

Aliás, não falta hoje quem se intitule o dono da interpretação bíblica mais santa e “apostólica”. Eis aí outro motivo para dominarmos nosso idioma e entendermos o que está, de fato, escrito na Bíblia Sagrada. Conhecer seu texto, estruturas e significados ajuda-nos a não sermos enganados por falsas doutrinas e ideologias.

A essa altura, você já deve estar se perguntando se não estou equivocada ao recomendar o estudo da gramática da Língua Portuguesa para entendermos melhor a Bíblia, quando o correto, nesse caso, seria o estudo das línguas originais. De fato, também acredito que seja consenso para nós a grande relevância de estudarmos as línguas originais, no entanto a falta de conhecimento gramatical da Língua Portuguesa prejudica muito o aprendizado de uma língua como o Grego, por exemplo.

É muito comum um estudante que desconhece as diferenças entre um advérbio e um adjetivo, um pronome e um substantivo ou que não possui noções sobre os efeitos de sentido gerados pelo uso de conjunções e preposições apresentar maiores dificuldades para conceber tais noções na Língua Grega. Note que citei somente exemplos de morfologia, que parece ser uma área já explorada; outras noções, como as de sintaxe, são fundamentais para lermos adequadamente e analisarmos com mais propriedade inclusive as escolhas feitas nas traduções existentes em nosso vernáculo.

Por tudo isso, e pela alegria do aprender, convido você a despertar seu interesse pelo estudo da gramática da Língua Portuguesa para podermos examinar melhor a Palavra de Deus, mas também exercer com mais acerto nosso papel de cidadãos conscientes, comunicando-nos e interpretando textos e falas de maneira eficiente.