Nossos adolescentes estão perdendo as melhores coisas do mundo

Ana Lucia Bedicks
6/6/2019
Pais e Filhos

Você que é pai ou mãe de pré-adolescentes ou adolescentes não pode deixar de assistir ao filme “As Melhores Coisas do Mundo” da diretora Laís Bodansky.

Não, você não vai perder 1 hora e 50 minutos assistindo mais um filme chato feito para o público juvenil. Você terá a oportunidade de passar esse tempo mergulhado na difícil e triste realidade que nossos adolescentes enfrentam hoje. É fato que a adolescência é um período difícil da vida, um período de transição para a idade adulta e que os adolescentes não mudaram. Mas nossos adolescentes vivem num mundo muito diferente do que nós vivemos nessa fase da vida.

Um adolescente cristão hoje enfrenta um ambiente extremamente hostil, com inversão de valores, falta de estrutura familiar e onde nada é absoluto e seguro, mas tudo é relativo e a insegurança é total. As escolas, as festas, os encontros nas casas de amigos e o mundo virtual oferecem uma variedade inimaginável de opções e perigos. A adolescência hoje se tornou uma perigosa aventura que pode deixar marcas e dores difíceis de serem tratadas.

Enquanto assistia ao filme, que é um retrato fiel da realidade da vida do adolescente da nossa época, pensava na esperança que nós pais cristãos podemos ter nas palavras de João em 1 João 5:17-18:

18  Sabemos que todo aquele que é nascido de Deus não está no pecado;

aquele que nasceu de Deus o protege, e o Maligno não o atinge.

19  Sabemos que somos de Deus e que o mundo todo está sob o poder do Maligno.      

Além de ter que lidar com as mudanças externas em seus corpos, com as variações hormonais e as questões internas com as quais os adolescentes tem lutado desde o início dos tempos, os adolescentes de hoje tem que lidar com fortes pressões culturais de um mundo que está no maligno sem estarem preparados. Eles são precocemente expostos à questões complexas de moral, sexualidade e vida em sociedade. Em nossa adolescência também tivemos que lidar com questões parecidas, mas nosso mundo era menor, ficava restrito à alguns grupos da escola ou da vizinhança.

Hoje, os blogs, sites de relacionamento e celulares expõem essas questões ao mundo em alguns minutos. É isso o que vemos no filme. Um grupo de adolescentes de uma escola de classe média que tem que lidar com a cobrança cada vez maior sobre o início da vida sexual, questões relacionadas à sexualidade, com famílias desestruturadas, acesso fácil ao álcool e às drogas, ciberbullying e falta de submissão à autoridade na escola, na família e em outros ambientes que eles freqüentam.

O que mais chama a atenção, no entanto é a tristeza, a angustia, a raiva, a desilusão e a desesperança desses adolescentes. Eles estão perdidos, sem rumo, assustados e não há nada nem ninguém que os resgate. Há a grave questão do suicídio entre os adolescentes, que começa a apresentar números alarmantes.

Toda essa situação fica bem evidente em uma simples cena do filme, quando o protagonista, um adolescente de 15 anos vai beijar uma garota. A garota pergunta a ele se ele vai beijá-la só por beijar como todos eles fazem, porque se for assim ela não quer o beijo. Essa garota de 15 anos diz que está cansada desses beijos sem sentido, ou melhor, sem sentimento. Ela diz que só vai beijar um garoto se for para ter um verdadeiro relacionamento.

Por isso é que eu insisto em dizer que nossos adolescentes estão perdendo as melhores coisas do mundo. Eles não tem mais a emoção da troca de olhares apaixonados, o arrepio da primeira vez em que alguém pega na sua mão, a alegria de ouvir ou dizer o primeiro “eu te amo”, a expectativa e o frio na barriga do primeiro beijo e a preparação para a tão esperada primeira vez com a pessoa amada que foi unida à você com a benção de Deus pelo resto da sua vida.

Assista ao filme e se puder assista-o com seus filhos. Essa pode ser uma boa oportunidade para conhecer a realidade que eles vivem e criar pontes para com muito amor e compreensão conversar com eles sobre esses assuntos tão difíceis.

Nossos filhos precisam de nossas referências de sabedoria cristã e de amor cristão.

O primeiro impacto do filme sobre nós pode ser de assombro com as situações e a grande quantidade de palavrões. Ou pode ser de tristeza e desesperança, mas lembre-se das palavras de Jesus em João 17:15 “Não rogo que os tires do mundo, mas que os protejas do Maligno.” Jesus pede ao Pai pelos seus discípulos naquela época, mas hoje nós cristãos de qualquer idade é que somos os discípulos de Jesus. Nossos filhos vivem nesse mundo e precisamos confiar em nossas orações que Deus os protege do mal.

Se vocês ainda não o fizeram, corram e assumam a difícil, mas recompensadora tarefa de serem pais cristãos amorosos de adolescentes num mundo que jaz no maligno. Não deixem que seus filhos percam as melhores coisas do mundo.