Eu conheço as minhas ovelhas

Luiz Fernando dos Santos
17/1/2020
Pastoral

“...para conduzi-los em suas batalhas, para que a comunidade do Senhor não seja como ovelhas sem pastor" (Nm 27.17)

O ministério pastoral é um dom de Deus para a igreja e na verdade, também para o mundo. O Pastor revela e tipifica o interesse e o cuidado do Senhor pelo seu povo em especial, mas também por toda classe de homens. Sempre que temos o privilégio de participar de uma ordenação pastoral, devemos trazer à memória o fato de que Deus se importa conosco, deseja o nosso bem, o nosso progresso espiritual e a conformação de nossas vidas à semelhança de Jesus Cristo. Por isso e para isso Ele providencia homens chamados e especialmente equipados para cuidar da vida espiritual, moral e mesmo física do seu rebanho.

A primeira e mais nobre função de um pastor é servir de sinal, ser um tipo de sacramento vivente da presença de Jesus Cristo, o Bom Pastor, no meio do povo que lhe pertence. A sua vida, o seu amor pelas ovelhas, o tempo desprendido de forma sacrificial para o cuidado de seus irmãos, as muitas horas gastas em oração por intercessão, as admoestações e o seu ensinamento devem apontar para a pessoa de Cristo e sua obra. O pastor é um tipo de memória presentificada de que Cristo caminha a frente do seu povo e a chefia como Cabeça e Mestre.

A segunda função primordial do serviço pastoral é o exercício do ministério das chaves. Esse ministério confiado à igreja de Cristo é operado na prática pela pregação do Evangelho, pela exposição de todo o Conselho de Deus desde o púlpito. Quando o Evangelho é proclamado com fidelidade e no poder do Espírito Santo os pecados (e as pessoas), são ligados e desligados na terra e nos céus. É pelo ensino constante e fiel que o joio e o trigo vão sendo separados pelo ministério invisível e secreto do Espírito Santo esposado com a Palavra da verdade.

Uma terceira função do ministério pastoral é ministrar a Aliança na vida do seu povo e estabelecê-la de maneira histórica e temporal na vida dos que se achegam a Cristo por meio da Igreja. Quando o pastor ministra os sacramentos (o Batismo e a Ceia), uma maneira diferente de apresentar o Evangelho, na verdade, é o mesmo Cristo que é oferecido como o mediador e consumador da Aliança. Assim, quer no batismo quer na Ceia, os ditames da Aliança em forma de promessas são renovados e assegurados aos que pela fé receberam a Cristo em seus corações como Senhor.

A quarta função, não menos importante, é que o pastor é o ministro da misericórdia e da consolação. Além de rogar aos seus que se reconciliem com Deus na qualidade de embaixador (2Co 5.20), ainda proclama judiciosamente a misericórdia do Senhor sobre os faltosos, a compaixão do Eterno aos enfermos e a bondade do Pai sobre os filhos pródigos.

Uma quinta função de um pastor é ser o vínculo visível da unidade da igreja. Esse ministério espiritual pertence ao Espírito Santo que o compartilha com o pastor da comunidade dos discípulos. A Unidade cristã só pode ser estabelecida sobre o firme fundamento da verdade bíblica e doutrinária, cimentada pelo amor fraterno, sincero e casto e ornamentada com o exercício dos dons espirituais e dos serviços de complentariedade e mutualidade entre os santos. É dever do pastor levar as almas e mentes a serem concordes com a verdade, exortar incansavelmente os santos ao amor sacrificial e despertar seus irmãos para prática solidária e comprometida de seus dons a serviço e para o bem-estar de todos. Através destas funções e das muitas outras atividades que um pastor venha a realizar, todas elas juntas revelam o zeloso e peculiar cuidado de Deus para com o povo que Ele escolheu para si enquanto peregrina nessa vida rumo a Terra Prometida.