Por uma vida de adoração
Num mundo agitado e barulhento, facilmente perdemos o foco, nos distraímos com as
inúmeras demandas que se apresentam diante de nós todos os dias. Para não vivermos distraídos,
precisamos de um centro, um eixo em torno do qual nos movemos. Numa linguagem bíblica,
precisamos de um trono.
A vida em volta do trono é a vida centrada em Deus. A vida daqueles que em obediência,
sacrifício, adoração, respondem ao amor fiel de Deus, confiando em sua providência. John
Newman expressou assim sua vida centrada em Deus: “...Portanto eu confiarei nele.... Se cair
enfermo, minha enfermidade o servirá; se me vir perplexo, minha perplexidade também o
servirá; se sobrevir uma grande tristeza, minha tristeza lhe será útil. Ele nunca faz nada em vão.
Ele sabe o que faz. Ele pode me tomar meus amigos, pode me jogar no meio de estranhos. Pode
me fazer sentir a desolação, levar meu espírito ao naufrágio, esconder meu futuro de mim. Ainda
assim, ele sabe o que faz”.
A vida fora do trono nos coloca à mercê das propagandas, da mentira e do engano. Sem
um centro somos vulneráveis a todo tipo de manipulação, nos entregamos a toda forma de desejo,
nos curvamos aos falsos poderes que nos levarão para o cativeiro. Sem um trono para adorar
viveremos num vasto mundo adoecido sem uma direção segura.
O povo de Deus no Velho Testamento, de vez em quando, deixava de lado o centro,
afastava-se do trono e se entregava a outros deuses. O profeta Jeremias chama o povo de volta e
alguns respondem: “Sim! Nós viremos a ti, pois tu és o Senhor, o nosso Deus. De fato, a agitação
idólatra nas colinas e o murmúrio nos montes é um engano. No Senhor, no nosso Deus, está a
salvação de Israel” (Jr. 3:22 e 23). Os montes eram uma grande ilusão como são todas as
tentativas de se alcançar algum sentido fora do centro.
A vida tem um centro e este centro é um trono onde Deus se encontra assentado reinando,
dirigindo, julgando e determinando todas as coisas com justiça, bondade e retidão. Precisamos
viver em obediência ao seu chamado, crendo que sua vontade é boa, perfeita e agradável, mesmo
quando tudo parece conspirar contra a bondade e o amor de Deus. Precisamos seguir orando,
adorando e servindo mesmo quando estes gestos não são compreendidos. Precisamos preservar
nossos olhos voltados para o trono para lembrar que “todas as coisas cooperam para o bem
daqueles que amam a Deus” (Rm. 8: 28), de que “nem a morte, nem a vida, nem anjos, nem
demônios, nem o presente, nem o futuro, nem quaisquer poderes, nem altura nem profundidade,
nem qualquer outra coisa na criação será capaz de nos separar do amor de Deus que está em
Cristo Jesus, nosso Senhor” (Rm. 8:38 e 39). É assim que precisamos viver.