Num piscar de olhos

Ziel Machado
1/10/2019
Devocional

Num piscar de olhos meus filhos cresceram. Num piscar de olhos me descobri despreparado para ser pai de jovens adultos. Num dia eu estava sentado na sala de casa com eles, montando Lego , noutro dia, eu estava guardando diplomas de doutorado, mestrado e bacharel no arquivo da família. Tudo isso, num piscar de olhos.

Nesta nova fase, percepções e escolhas distintas foram criando um profundo desconforto em mim. Num piscar de olhos já não tinha mais a última palavra (será que alguma vez tive?). Descobri que não estava pronto para ser pai de adultos.

Este desconforto em meu coração foi me silenciando e tirando o sorriso dos lábios, formando um semblante preocupado e sobrecarregado. Comuniquei aos meus filhos que havia tomado a decisão de buscar uma ajuda profissional, iria buscar uma orientação psicológica. Ao ouvir minha decisão minha filha respondeu; “será muito bom pai, você vai acabar descobrindo outras coisinhas mais, que merecem tua atenção!”

Ao iniciar o processo fui descobrindo, passo a passo, quão limitada estava minha capacidade empática. As situações difíceis que estava enfrentando eram como pedras no caminho, pedras que fui recolhendo e construindo um muro, um muro de ressentimento. Aos poucos descobri que ao rever e ampliar minha capacidade empática eu poderia, com as mesmas pedras, construir uma ponte, ao invés de um muro, uma ponte chamada compaixão.

Já se passaram alguns meses que estou neste processo. As diferenças continuam existindo, as distintas percepções continuam brotando, mas o escutar de forma empática tem me ajudado a não edificar muros de ressentimento. Aos poucos, estou aprendendo que, com as mesmas pedras, posso construir pontes de compaixão. Aos poucos, e não num piscar de olhos, estou aprendendo a ser pai de adultos.

Acho que nunca poderemos evitar as pedras no caminho mas podemos escolher o que fazer com elas, muros de ressentimento ou pontes de compaixão.

Estou muito agradecido. A Deus por esta oportunidade de seguir aprendendo, aos meus filhos e filha pela paciência com o velho pai, a Solange, minha esposa, pela intercessão silenciosa, a paciência esperançada e os toques oportunos, a minha amiga Esther Carrenho, por me ajudar a olhar as pedras de uma maneira distinta.