Discípulos e Discipuladores

Luiz Fernando dos Santos
5/12/2019
Missões e Evangelismo

“E disse Jesus: "Sigam-me, e eu os farei pescadores de homens" (Mt 4.19)

“Fazei discípulos” foi a ordem dada por Jesus Cristo em sua despedida dos apóstolos e dos demais seguidores seus. Não fomos chamados apenas para nos submeter ao processo de discipulado de maneira passiva, não fomos chamados para a simples condição de aprendiz para a vida toda. Um discípulo maduro se torna em um discipulador eficiente, contínuo e audacioso. Um discípulo avançado sabe que não pode ser apenas um fiel depositário do conhecimento, do conteúdo da fé e das promessas do Evangelho. Antes, ele tem consciência que é chamado a “ensinar outros a guardar (observar, colocar em prática) tudo quanto aprendeu de Jesus” (tradução livre de Mt 28.20).

Por isso, um discípulo de Cristo se torna um gerador de novos discípulos, ganha uma nova especialização enriquecedora para a sua vocação ordinária e profissional, seja ela qual for. Advogado, médico, dentista, policial, porteiro, coletor de lixo, manicure, músico. Etc., será isso e um ‘pescador de homens’. A sua profissão se tornará o seu púlpito, a sua ferramenta evangelística, o seu campo missionário, a sua colheita. Usará de suas relações mais comuns para falar do amor de Jesus oportuna e importunamente.

Fará de suas obrigações e responsabilidades uma excelente ocasião para demonstrar a ética evangélica e os valores do Reino. Servirá de sua posição de influência ou de amizade para ‘desfilar’ um estilo de vida novo, diferente, que tenha as marcas da justiça, do amor, da generosidade desinteressada e do serviço gracioso. Procurará se interessar pelas vicissitudes pelas quais passam os seus amigos no trabalho, no clube, na academia, na universidade para demonstrar a presença de Deus em cada circunstância da vida. Assim, alegrando-se com quem se alegra e ensinando os homens a serem agradecidos, chorando com os que choram, levando-os a experimentarem o consolo do Espírito ou ainda, aconselhando os confusos, acalmando os perplexos e desorientados e fornecendo a esperança cristã aos desiludidos. Estas são excelentes ocasiões para o discipulado e não há homem ou mulher que não passe por momentos assim que ensejem a presença amorosa e transformadora dos que seguem a Jesus.

Esses são os tais campos brancos prontos para a colheita (Jo 4.35). E como essa consciência discipuladora começa a ser formada em nós? Quando passamos a entender que Igreja não é um lugar para se ficar. Nosso lugar, nosso chamado, não é para ficarmos “dentro” da comunidade fazendo “coisas” de igreja. A Comunidade dos discípulos é uma comunidade em movimento, é um lugar de passagem, de treinamento, de cura. Ninguém mora na academia, no hospital ou na escola. Pelo menos não é a situação ideal. Vamos a academia para os devidos exercícios e depois retornamos às nossas outras atividades. Passamos pelo hospital quando há a necessidade. Sarada a ferida, recebido o tratamento, voltamos para as nossas lidas. Na escola é a mesma coisa. Recebidas e aprendidas as lições, “bora pra vida”. A Igreja (a comunidade) é um lugar de passagem, nosso lugar de estada é o mundo, a vida comum dos homens e mulheres que caminham por nossas ruas e se acotovelam nos ônibus e metrôs, que se assentam à mesa ao lado ou conosco esperam na fila do pão.

Fomos enviados ao mundo com a missão de falar do amor de Jesus aos homens e convidá-los para o banquete da vida e da salvação. Aproveite com sabedoria e ousadia cada ocasião, viva a vida do seu tempo e contexto e faça de cada ocasião uma oportunidade de ganhar vidas para o Senhorio de Cristo. Boa pescaria. Bom discipulado.