Correr é uma escola de oração

Ziel Machado
11/3/2019
Hermenêutica

Cada desafio está impregnado de desafios menores que não podem ser menosprezados, eles revelam os pequenos inimigos que, de tão pequenos se tornam familiares, mas não se iludam, são estes pequenos inimigos que nos destroem,são eles que devoram os nossos sonhos "comendo-os pela beirada".

Sábado tinha longão mas a chuva não me permitiu treinar, surgiu então o primeiro inimigo, a frustração. Pensei em fazer no domingo, mas para um pastor este é um dia muito difícil para treino longo, surge o segundo inimigo, a postergação. Em seguida surge outro inimigo,a auto-justificação. Ela te oferece todas as razões possíveis para "justificar" a decisão de saltar o treino da planilha. A coisa vem vindo ladeira abaixo quando aparece então o quarto inimigo, a perda de foco. Afinal você tem tantas coisas para fazer! Na cabeça fica ecoando a frase, "treino não feito é treino perdido!"

Olho então para o meu calendário e ali está destacado: Maratona. Mobilizo toda energia e vontade e saio às 4 pm em direção ao parque para realizar o treino. No percurso surge a segunda família de inimigos, o céu escurece, ouço trovões, sei que não vou me encontrar com nenhum amigo, terei que treinar sozinho, as pernas estão pesadas. Estes inimigos eu sei que vão estar comigo no dia da prova, então os chamo para uma "DR" enquanto sigo correndo.

Três quilômetros percorridos chego ao parque. Evitando a multidão vou encontrando um percurso que me permita realizar o treino. Enquanto corro sigo na "DR" com esta segunda família de inimigos. Consigo percorrer os 16 km. Saio do parque regressando a casa, me faltam percorrer os 3 km finais. Em casa, com os 22 Km feitos, vou fazer o relatório e descubro que fiz 1 km a mais. A luta com meus inimigos me fez cometer este equívoco, o sentimento que resulta deste erro foi algo bom, celebro com um copo de Coca-Cola gelada.

Não posso subestimar estes pequenos inimigos que habitam os meus grandes desafios, eles se escondem muito bem numa lógica que justifica cada decisão que me afasta do meu objetivo principal. Eles não são agressivos, eles falam com voz suave, eles me adulam, passam a mão sobre a minha cabeça e, pouco a pouco, me afastam do preço que devo pagar para realizar o sonho com o qual estou comprometido. Eles nos destroem com um sorriso nos lábios. Aproveito o treinamento pastoral e declaro; "para trás Satanás!”

Cada passo que dou na direção de realizar o sonho, em oposição a estes "doces inimigos" é um ato de disciplina espiritual. Correr é uma forma de orar, de aprender a me submeter em obediência por causa de algo maior.