Amizade com o Mundo

Luiz Fernando dos Santos
7/3/2019
Hermenêutica

“Finalmente, irmãos, tudo o que for verdadeiro, tudo o que for nobre, tudo o que for correto, tudo o que for puro, tudo o que for amável, tudo o que for de boa fama, se houver algo de excelente ou digno de louvor, pensem nessas coisas” (Fp 4.8).

O fundamento da amizade é a igualdade. Os amigos não se distinguem em preferências e opções a tal ponto de comprometer a relação existente entre eles. Há muito mais o que os aproxima do que aquilo que impede de caminharem juntos.

De maneira análoga, a amizade com o mundo faz com que o cristão passe a ter muitos pontos de contato, proximidade, intimidade que superam o caráter distintivo da sua fé. A amizade com o mundo compromete a nossa fidelidade para com o Evangelho e nos leva muitas vezes a viver de modo incoerente com os absolutos morais e o padrãode justiça requerido por Jesus:

“Adúlteros, vocês não sabem que a amizade com o mundo é inimizade com Deus? Quem quer ser amigo do mundo faz-se inimigo de Deus”(Tg 4.4).

O mundo ama a impudicícia, a imodéstia, a irreverência. O espírito mundano gosta de ostentar, de transgredir e ainda gabar-se disso. A profanidade vulgariza a linguagem, faz da torpeza e da malícia lugar comum e despreza o que é nobre :

“Tendo perdido toda a sensibilidade, ele se entregaram à depravação, cometendo com avidez toda espécie de impureza” (Ef 4.19) .

A estética mundanizada exalta o feio, evidencia o que é caído e explora sensorialmente os nossos instintos egoístas, trazendo a superfície o que há de pior em nossa natureza caída. O espírito do mundo empalidece a fealdade e a vileza do pecado enaltecendo a sua prática.

Evidentemente que o Espírito do Senhor, por meio de sua providência geral e a graça comum preserva no mundo reservas morais de toda sorte, de modo que o mundo jamais poderá produzir toda a maldade possível. E, ainda mais, por causa do bem-estar dos santos e por amor a criação, o Senhor permite que a verdade, a beleza e o bem sejam produzidos também entre os que não o receberam como Salvador e Senhor.

Contudo, essa é toda a bem-aventurança que terão, gozar apenas das belezas desse mundo e de seus benefícios temporários que hão de findar quando houver os novos céus e a nova Terra. Quanto ao mais, esse mundo como vimos acima, é hostil a natureza santa do Evangelho e a pureza da fé cristã. Somos chamados a viver em estado progressivo e permanente de santificação removendo as nódoas do pecado presentes em nossa vestidura mediante o sangue de Cristo:

“... e lavaram as suas vestes e as branquearam no sangue do Cordeiro” (Ap 7.14).

Essa remoção já foi realizada no sacrifício expiatório de Cristo. Seu sangue vertido já retirou de nossas almas o que nos impedia de andar com vestes alvas na cidade santa. Todavia, ainda restam a presença do pecado nesse mundo mal e as escórias dele em nossos corações.

Por isso temos a necessidade desta vida de contínua conversão, de ininterrupta santificação, de constante purificação. Um dos meios para que isso ocorra é a consciência de que há no mundo um jeito de ser, um estilo de vida, uma maneira de se expressar, um padrão ético que são não só incompatíveis com a nossa nova natureza, mas também lesivos ao nosso progresso em Cristo . Assim, cada cristão deve viver a sua vida nesse mundo com sobriedade, discernimento, espírito crítico conforme a instrução da Palavra de Deus a fim de não “ contrair ” amizade com o mundo a ponto de vir a parecer-se com ele. Devemos nos lembrar sempre do Apóstolo Paulo:

“Não se deixem enganar: as más companhias corrompem os bons costumes" (1Co 15.33).