Advento: Abri as portas ao Salvador

Luiz Fernando dos Santos
10/12/2019
Devocional

"Vocês, céus elevados, façam chover justiça; derramem-na as nuvens. Abra-se a terra, brote a salvação, cresça a retidão com ela; eu, o Senhor, a criei.” (Is 45.8)

Iniciamos neste domingo mais um tempo litúrgico do Advento. Um tempo para bem prepararmos as celebrações natalinas. O Advento cumpre um papel pedagógico na economia do ano cristão e sua íntima ligação com a revelação bíblica. Nesse período somos levados a investigar no plano da redenção, conforme os registros das Escrituras, aquelas grandes profecias e promessas do Antigo Testamento que apontam para a vinda do Messias Salvador. Mas, não só as profecias e promessas explícitas, senão também, os muitos tipos sacramentais e acontecimentos históricos e sobrenaturais que reclamavam a necessidade da vinda do resgatador, do redentor do homem.

Na celebração de vinte e cinco de dezembro nunca é demais lembrar que não celebramos a data, mas sim, o fato de que o Filho de Deus baixou das alturas e se fez carne entre nós, assumiu a nossa natureza e suportou a nossa condição com o fim de nos salvar. Então, se é o fato que celebramos, é nosso imperioso dever nos interessar por tudo o que diz respeito a ele, seus antecedentes históricos, as personagens que concorreram para que o dia chegasse, o modo assombrosamente maravilhoso como Deus preparou cada acontecimento e circunstância a fim de que o tempo estivesse pronto (Gl 4.4), para a chegada de Jesus.

O Advento também tem uma conotação catequético-familiar. Isto é, tem um aspecto bastante didático para recuperar o sentido do Natal dentro da família, no seio do lar cristão. O Natal não pode se esgotar nas nem sempre bem preparadas liturgias do dia ou em suas cantatas que muitas vezes fazem uma indevida síntese com a cultura contemporânea. Menos ainda pode ser reduzido a um aspecto da sociedade de consumo, do mercado e seus personagens alienígenas. O Advento é um tempo que pretende devolver ao coração da família o sentido e os valores que podem ser inferidos das celebrações natalinas. Enfeitar a casa já ajuda a predispor uma atmosfera favorável à grande festa.

Mas, é preciso que algumas atitudes sejam tomadas em cada lar. Lembrando do arquétipo da família de Nazaré, cada lar com os seus membros, deve reunir-se em torno da Palavra. José e Maria deixaram-se conduzir pela Palavra-promessa do Senhor por meio de anjos. Seus sonhos, planos e projetos pessoais foram ressignificados e transformados quando decidiram obedecer a Palavra recebida. Faríamos bem às nossas famílias se devolvêssemos ao centro de nossas vidas o comando da Palavra de Deus.

Aproveitemos esse tempo especial do ano cristão para cantar hinos apropriados, recuperar e intensificar o culto doméstico e contar a velha história. Outra atitude é a de acolher Jesus. José e Maria acolheram Jesus e passaram a viver toda a sua existência em função dessa divina presença. Todas as vicissitudes pelas quais passaram, mesmo depois da chegada dos outros filhos, esses naturais, a dinâmica daquela família tinha a ver com a presença do Deus humanado entre eles. Nossas famílias precisam acolher Jesus que hoje vem a nós de muitas e variadas maneiras. Vem até nós pala Palavra pregada, pelos sacramentos celebrados, pelo perdão e o amor vivido dentro de casa, pelo acolhimento do irmão, pela atenção dispensada ao estrangeiro, pelo compromisso com o pobre, o injustiçado e o marginalizado:

“Pois eu tive fome, e vocês me deram de comer; tive sede, e vocês me deram de beber; fui estrangeiro, e vocês me acolheram; necessitei de roupas, e vocês me vestiram; estive enfermo, e vocês cuidaram de mim; estive preso, e vocês me visitaram. Então os justos lhe responderão: Senhor, quando te vimos com fome e te demos de comer, ou com sede e te demos de beber? Quando te vimos como estrangeiro e te acolhemos, ou necessitado de roupas e te vestimos? Quando te vimos enfermo ou preso e fomos te visitar? O Rei responderá: Digo-lhes a verdade: o que vocês fizeram a algum dos meus menores irmãos, a mim o fizeram” (Mt 25. 35-40).

Há muito o que aprender da família que celebrou o “primeiro advento”. Bom seria se os pais fossem justos como José (Mt 1.19), as mães dóceis e obedientes ao Senhor como Maria (Lc 1.38) e os filhos como Jesus, que aos seus pais era obediente e dia após dia crescia em graça e sabedoria (Lc 2.40; Lc 2.51).

Celebremos o Advento: Ele está no meio de nós!