A Cruz

Sandro Baggio
19/11/2020
Devocional


1 Coríntios 2.2 - "Pois decidi nada saber entre vocês, a não ser Jesus Cristo, e este crucificado."


Há um grafite esculpido numa parede de gesso em Roma, datado entre os séculos I e III, que retrata um crucificado com cabeça de burro e a seguinte inscrição: “Alexámenos adora a Deus”. Essa é primeira imagem conhecida da crucificação de Jesus. E o que ela comunica é como a crucificação era vista pelo mundo não cristão.


A cruz era uma tremenda ofensa. De fato, era algo tão repugnante que imagens cristãs de Cristo crucificado só começaram a aparecer cerca de um século após as crucificações terem sido abolidas. A brutalidade da cruz era algo que os primeiros cristãos conheciam bem e era doloroso demais para ser retratada por eles como arte.


A cruz é um escândalo. O termo grego usado por Paulo ao se referir a Cristo crucificado é  skandalon, que significa uma pedra de tropeço, algo que causa a queda. Quem poderia crer num homem que foi condenado e executado numa cruz romana? Como alguém que não teve poder para salvar a si mesmo da força bruta romana poderia salvar os outros? (Lucas 23.39). Até mesmo seus seguidores tiveram dificuldade para entender o skandalon da cruz (Mateus 16.21-22; Lucas 24.20-21).


A cruz  revela que nossa maior necessidade não é de um sistema ou um governo melhor. O Messias crucificado nos ensina que não bastava destruir Roma quando o verdadeiro opressor vive dentro de nós. Nosso maior inimigo não está lá fora, mas habita em nós e nos escraviza. A cruz nos confronta com a realidade e feiura de nosso pecado. Sua brutalidade grita para nós que nosso pecado é algo tão ofensivo que só pode ser coberto por um ato de tremenda compaixão.  Na cruz vemos o amor de Deus que se rebaixou à condição de um condenado injustamente (lembre-se que Pilatos disse não ter encontrado nele motivo algum de acusação - Lucas 23.13-14; João 18.38 e 19.4), para que pudéssemos ser salvos de nossa justa condenação e reconciliados com Deus (2 Coríntios 5.14-15).


Talvez seja esse o motivo pelo qual muitos são tentados a rejeitar a mensagem da cruz. Ela nos confronta de maneira tão radical que as únicas respostas possíveis diante dela são reconhecermos nossa enorme necessidade de perdão e salvação ou rejeitarmos sua mensagem completamente como se fosse loucura.


Aqueles que não conseguem admitir que são pecadores e, portanto, não têm nada do que se arrepender, tropeçam na mensagem da cruz. Aqueles que reconhecem seus pecados e sua necessidade de salvação, se aproximam da cruz com fé e encontram nela a graça salvadora de Deus. Para eles, a cruz apresenta Jesus, não como uma pedra de tropeço, mas como uma rocha firme - a rocha da nossa salvação.