Uma nova primavera presbiteriana

Luiz Fernando dos Santos
20/9/2019
Devocional

“Se vivemos, vivemos para o Senhor; e, se morremos, morremos para o Senhor. Assim, quer vivamos, quer morramos, pertencemos ao Senhor” (Rm 14.8).

Há cento e sessenta anos, em mil oitocentos e cinquenta e nove, precisamente no dia doze de agosto de mil oitocentos e cinquenta e nove, chegava ao Brasil o primeiro missionário presbiteriano. Um jovem norte-americano do sul da Pensilvânia, de barba nazarena chamado Ashel Green Simonton. Sem nenhuma experiência pastoral ou missionária significativa, recém egresso do seminário, foi arrebatado para as missões transculturais ao ouvir uma prelação do grande teólogo Charles Hodge. Chegou ao Brasil com o desejo ardente de ganhar esse imenso país para o senhorio de Cristo.

Foi o pioneiro de muitas frentes, além de plantar a primeira igreja presbiteriana, fundou o primeiro jornal evangélico do país, o primeiro seminário, o primeiro presbitério e participou ativamente da ordenação do primeiro pastor evangélico brasileiro, o ex-padre José Manoel da Conceição. Oito anos depois de chegar ao país, já prematuramente viúvo e mais prematuramente ainda, faleceu no dia nove de dezembro de mil oitocentos e sessenta e sete de febre biliosa na cidade de São Paulo, onde está sepultado. Apesar de sua meteórica passagem missionária pelo Brasil, como no Evangelho: “Digo-lhes verdadeiramente que, se o grão de trigo não cair na terra e não morrer, continuará ele só. Mas se morrer, dará muito fruto” (João 12.24), depois de sua morte, a obra presbiteriana continuou o seu avanço e muitos outros missionários chegaram ao Brasil.

A Igreja espalhou-se pelo país de norte a sul, de leste a oeste. Os bravos pioneiros, apesar das perseguições e do ambiente intolerante à chegada da ‘nova’ fé, plantavam igrejas, abriam escolas, organizavam hospitais, implantavam novos métodos pedagógicos e criaram uma Universidade, hoje nacionalmente conhecida como Universidade Presbiteriana Mackenzie. A Igreja Presbiteriana está praticamente presente nos vinte e sete estados da federação e no distrito federal e o legado de Simonton continua vivo nas mentes e nos corações presbiterianos, desejamos conquistar essa imensa nação para Cristo.

Nosso desejo é influenciar a partir das Sagradas Escrituras e suas verdades eternas a sociedade brasileira com os valores do Reino de Deus. Nossa missão essencial é proclamar o Evangelho de Cristo e testemunhar a nova vida que dela surge, através da educação, dos ministérios de misericórdia, socorros, promoção da dignidade humana, reivindicação da justiça para todos e o bem-estar geral e o desenvolvimento social. Cento e cinquenta e nove anos depois desejamos, como igreja local que faz parte desta federação de igrejas abrigadas na denominação da Igreja Presbiteriana do Brasil, renovar nosso solene compromisso missionário de levar Cristo o seu evangelho a cada pessoa, usando de todos os meios lícitos ao nosso alcance para fazer Jesus Cristo conhecido, amado, obedecido e imitado.

Renovamos a nossa disposição para seguir a Jesus Cristo como discípulos, buscando crescer em santidade, abundantes em Boas Obras, a fim de que Deus seja glorificado, os santos edificados e todos os homens abençoados. Queremos, como quis Simonton em seus dias, ganhar a nossa geração, usando o poder do Evangelho para levar os homens e as mulheres do nosso tempo a abandonarem os seus pecados e arrependidos serem recebidos em Cristo para poder recebe-lo como seu Senhor e Salvador pessoal.

Desejamos que uma nova primavera presbiteriana aconteça em nossa igreja, isto é, que um novo tempo de pujança espiritual, de exuberância da santidade de Cristo na vida dos crentes, um renovado ardor missionário e uma alegria contagiante que ‘seduza’ a todos a virem adorar o Deus único e verdadeiro que se revela e pode ser encontrado nas páginas da Bíblia.

Um novo tempo de entusiasmo pela leitura, estudo, oração e proclamação das Escrituras com integridade e compromisso. Uma época alvissareira de interesse pelas antigas doutrinas da Graça, um viver ético e de sensibilizada compaixão pelos pobres, vulneráveis e marginalizados deste mundo caído, palco para a manifestação da glória de Deus que reflete da face de Cristo e que brilha nas trevas por meio da igreja, sua vida, missão, sofrimento e amor sacrificial.

Que o Senhor nos encha de gratidão pelo tempo vivido até aqui e nos faça transbordar de entusiasmo pelo tempo que ainda nos resta, em tudo, proclamando a Cristo enquanto fazemos a história.